Nada melhor
do que uma comédia romântica em tardes de sábado ou domingo para distrair a
mente. Nada mais inofensivo, nada mais relaxante...
Bom, não é
bem assim que Chloe Angyal, estudante americana que fez sua pesquisa de
doutorado com base na análise feminista de comédias românticas. Por mais
crítica e feminista que você seja ou por mais despretensiosa que seja sua
intenção ao assisti-los, invariavelmente você será influenciada por eles. Nada
mais sensato em se admitir, já que os filmes, assim como os livros, refletem
valores da sociedade, da cultura popular. Não importa a distância que você
mantenha do filme, no sentido de olhar criticamente, ele vai te afetar de
alguma maneira.
A grande questão
que Angyal aponta é em torno dos estereótipos que regem esse gênero de filmes.
Eles trazem de uma maneira geral o amor como o centro da vida da mulher, é ao
redor dele que a vida dela vai se estruturar. Nada vai te deixar mais completa
do que um grande amor correspondido, e que termine com uma bela festa de
casamento de preferência. Não importa quão bem sucedida na sua carreira você
seja, não importa se tudo o que você mais quer na vida é ser, livre, leve e
solta para sair com quantos caras você quiser. Se no final desse túnel, você
não encontrar o amor, nada disso irá compensar.
Não que a
autora seja contra o amor ou às comédias românticas, mas os estereótipos atuais
são tão forçados que chegam a ser irreais! Um artigo célebre da atriz e
escritora Mindy Kalling para o New Yorker em 2011 trouxe exatamente alguns
exemplos de personagens clássicos das comédias românticas atuais. Entre eles, a
mocinha, sempre magra e de boa aparência, mas que costuma ter algum defeito “fofo”
como tropeçar e quase cair constantemente, ou seja, desastrada até dizer chega,
e, ainda assim, ser desejada pelo mocinho.
Reese, Meg, Jennifer, Kate e Drew: Qual delas voce quer ser?
Temos
também a Esquisita Etérea, aquela que dança na chuva ou que chora copiosamente vendo
um cartaz de um animal perdido. Ela deixa a personagem do mocinho louca porque ele
nunca sabe se ela vai ou não aparecer quando ele faz planos com ela. Na vida
real, todos provavelmente iriam acha-la uma louca, mas é ela quem vai dar
sentido para a vida triste do mocinho. Um bom exemplo desse tipo é a personagem
da Kirsten Dunst no filme “Tudo acontece em Elizabethtown”.
Não podemos
deixar de mencionar a obcecada pelo trabalho e que não é nada divertida até que
chegue o bonitão grosseiro do mocinho para ensiná-la a seduzir os homens de
verdade (vide “A verdade nua e crua”, com a Katherine Heigl e o Gerard Butler),
em cenas as mais esdrúxulas possíveis, até que no final, ele mesmo, o
bonitão-conquistador-irresistível não vai resistir àquela mulher “sem graça” e
ficará completamente apaixonado por ela. (Sim, eles também acreditam no amor
bem lá no fundo e esperam apenas que a mulher certa chegue para despirem a
carapuça machista e durona)
A chefe durona que se rende aos conselhos do bonitão para se tornar sedutora, como no filme "A verdade nua e crua". Já no filme "A proposta", a profissional bem sucedida no trabalho interpretada por Sandra Bullock deixa de ser a chefe carrasca para se tornar a mocinha vulnerável e frágil que se apaixona pelo assistente.
Bom final de semana a todos!!!
Beijinhos
Equipe *Rix
Nenhum comentário:
Postar um comentário